sábado, 3 de março de 2018

Oscar 2018: Entre o Desejo e a Realidade



1- Oscar 2018: Entre o Desejo e a Realidade


Os comentários sobre “A Forma da Água” serão mais elípticos, pois o filme foi bastante analisado na postagem anterior.
Spoilers serão apresentados.   

MELHOR FILME

"Me chame pelo seu nome"
"O destino de uma nação"
"Dunkirk"
"Corra!"
"Lady Bird: é hora de voar"
"Trama fantasma"
"The Post: a guerra secreta"
"A forma da água"- (Vide 2- a )
"Três anúncios para um crime" (Vide2- b)

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“A Forma da Água” é um filme sem arestas: não há o que tirar nem por.

Já “Três Anúncios Para Um Crime” evidencia alguns problemas de roteiro.
Ao contrário do primeiro, temos aqui um forte calcanhar de Aquiles que é a evolução dramática de um personagem bastante importante que é o policial Jason Dixon (Sam Rockwell ), que  vai de uma extrema crueldade a alguém bastante solidário.

Ele é muito agressivo até nas falas desbocadas;  joga um jovem locador dos espaços para os anúncios odiados, pela janela, quebrando vidros;  põe fogo nestes anúncios vitais para Mildred etc.
Mas quase que, como um passe de mágica, depois de se ver bastante queimado, enfaixado, junto ao jovem ferido no hospital, começa uma mudança de caráter.

Ouvindo um tanto de conversa num bar, Jason provoca o suposto assassino que matou a filha de Mildred estuprando-a e acaba levando até pontapés no rosto, mas de forma premeditada, pois sua intenção é colher amostras de DNA para posterior comprovação.
Mas Sam Rockwell está tão brilhante em seu personagem, que nos faz acreditar nestas fortes restrições de verossimilhança. 









Roman Polanski declarou, com toda razão que “Você deve mostrar a violência como ela é. Não exibi-la com realismo é imoral e nocivo”.

Mas Jason que já nos tinha impressionado por não ter saído tão queimado do hospital, nesta situação de agora com os chutes, vai para casa, se esconde da mãe num cômodo, retira o DNA desejado e está pronto para ser uma nova pessoa, passar a ter novos laços. 

Na chamada vida real estaria, no mínimo, com os dentes todos quebrados ou arrancados. 

Mas este problema apontado por Polanski surge em vários filmes, até mesmo em grandes obras de grandes diretores, como em “Gangues de Nova York” (2002) de Martin Scorsese.  Alguém que fosse tão surrado como o personagem de Leonardo DiCaprio ficaria muito ferido, não se recomporia facilmente como acontece. 

Até mesmo no hiper-realista e bastante cruel “Killer Joe” (2011) de William Friedkin isto acontece. Chris Smith (Emile Hirsch) sofre uma surra homérica. Logo estará refeito com poucas escoriações. 

Um filme que resolve esta questão muito bem é  “O Espantalho” (1973) de Jerry Schatzberg, Palma de Ouro em Cannes, onde Lion (Al Pacino) é muito surrado impiedosamente e surge com o rosto bastante alterado, inchado. 

Francis McDormand para compor a sua Mildred observou desempenhos de várias atrizes, mas não se viu nestes personagens. Aonde foi encontrar inspiração foi em John Wayne. 

Isto fez bem e mal ao seu personagem. Ela construiu uma máscara de uma mulher forte, masculinizada, “machona”, que não foge a  brigas (que nos lembra a policial grávida de “Fargo”(1996) dos irmãos Coen) e que no fundo carrega muita dor pela perda sofrida. Mas esta forte máscara criada se repete muito durante o filme, sendo que Mildred comove mais mesmo quando suas fragilidades, apesar de sua fortaleza, são mais expostas. Algo que não acontece muito.

Mas no conjunto não há como negar que é há um excelente trabalho de Frances. Só não considero extraordinário.  

“Lady Bird- Hora de Voar” (2017) de Greta Gerwig é o bastante superestimado filme deste Oscar. A impressão que passa é que está presente em várias indicações por uma questão de cota para mulheres, da ordem do politicamente correto, algo que se torna cada vez mais urgente hoje para o chamado empoderamento das mulheres, mesmo que a custa da qualidade maior de outros filmes. 

Temos aqui, com uma roupagem nova, uma história contada já várias vezes de alguém inconformado com a sua cidade, o ambiente tacanha e limitado em que vive e sonha em ir para uma grande metrópole, que alargue seus horizontes.  

Até mesmo no esnobadíssimo “Roda Gigante” (2017) de Woddy Allen (que espero que não seja fruto da caça às bruxas instalada contra ele) tem esta sub-trama, mas enriquecida com outros temas importantes. E com Kate Winslet extraordinária, num dos melhores trabalhos de sua carreira, absurdamente ignorada no Oscar.  

Eu não cobriria “Lady Bird” com nenhum quesito e daria privilégios ao tocante “Projeto Flórida” (2017) de Sean S. Baker e ao épico, nada politicamente correto, “Mudbound-Lágrimas Sobre o Mississipe” (2017) de Dee Rees.

No primeiro destacaria a garotinha Brooklyn Prince como Moonee, que mesmo vivendo numa realidade completamente oposta a dos que frequentam a Disney World bem próxima, encontra espaço para bastante momentos lúdicos junto a seu amiguinhos, até que uma realidade com seus imperativos cruéis bate à sua porta. E Broklyn vai mostrar como sabe viver também momentos bem dramáticos. 

Não é uma questão de afago à fofura indicá-la, mas sim de honra ao mérito. 
Já sobre “Mudbound-Lágrimas Sobre o Mississipe” poderiam ter reconhecido, no mínimo Garrett Hedlund, como melhor ator coadjuvante, com seu atormentado Jamie MacAllan, que volta da guerra e não mais se adapta ao seu local de origem. Só vai encontrar apoio no negro Ronsell Jackson (Jason Mitchell), que com ele divide traumas da guerra e está também deslocado junto à família, à região e às relações de trabalho com os brancos.  

Concluindo, o filme que gostaria que ganhasse como Melhor é “A Forma da Água”. Pelos prêmios já recebidos (incluindo Globo de Ouro, Bafta e Associação de Atores – aonde se forma o maior número de votantes) etc deve vencer “Três Anúncios Para Um Crime”. 

Deixando “A Forma da Água” como hors concours, tenho maior predileção por “Trama Fantasma” (2017) de Paul Thomas Anderson, o filme mais bergmaniamo dos últimos anos desde “Sono de Inverno” ( “Winter Sleep”- 2014 ) de Nuri Bilge Ceylan, havendo também elementos de “Rebecca, a Mulher Inesquecível” (1940)) de Alfred Hitchcock, dentre outros que se possa detectar. 

Mas temos no seu conjunto um resultado bastante original de uma relação que se pretende amorosa para se tornar uma incrivelmente sadomasoquista.   
Num terceiro plano ficaria com o espetacular “Dunkirk” (2017) de Cristopher Nolan, num episódio crucial para a história da nossa civilização e no entanto até então negligenciado nos nossos estudos e filmes. 

Curiosamente, neste mesmo 2017, temos “O Destino de Uma Nação” de Joe Wright, que nos mostra Winston Churchill lutando bravamente contra os que queriam um mortal acordo com Hitler, via Mussolini, tendo a ideia quixotesca de promover a retirada de soldados encurralados em Dunquerque através do apoio de pequenos barcos particulares. Mas foi algo como vemos em “Dunkirk” que deu resultado positivos vitais. 

Reiterando: prefiro “A Forma da Água”, mas deve vencer “Três Anúncios Para Um Crime” como Melhor Filme.  

DIREÇÃO

Christopher Nolan, por "Dunkirk"
Jordan Peele, por "Corra!"
Greta Gerwig, por "Lady Bird: é hora de voar"
Paul Thomas Anderson, por "Trama fantasma"
Guillermo del Toro, por "A forma da água"

Aqui tanto meu desejo, como o que deve acontecer coincidem: Guilhermo Del Toro deve ser reconhecido como Melhor Diretor.  

ATRIZ

Sally Hawkins, por "A forma da água"
Frances McDormand, por "Três anúncios para um crime"
Margot Robbie, por "Eu, Tonya"
Saoirse Ronan, por "Lady Bird"
Meryl Streep, por "The Post"

Meu coração bate fortemente pelo magistral trabalho de Sally Hawkins, mas deve ganhar Frances MacDormand. 

ATOR

Timothee Chalamet, por "Me chame pelo seu nome"
Daniel-Day Lewis, por "Trama fantasma"
Daniel Kaluuya, por "Corra!"
Gary Oldman, por "O destino de uma nação"
Denzel Washington, por "Roman J. Israel, Esq"

Daniel- Day Lewis está à altura de receber seu quarto Oscar, mas reconheço o inacreditável desempenho de Gary Oldman. É quem desejo que vença e o que realmente vencerá. 

ROTEIRO ADAPTADO

"Me chame pelo seu nome", de James Ivory
"O artista do desastre", de Scott Neustadter e Michael H. Weber
"Logan", de Scott Frank, James Mangold e Michael Green
"A grande jogada", de Aaron Sorkin
"Mudbound: lágrimas sobre o Mississipi", de Virgil Williams e Dee Rees

Mais um caso em que desejo e realidade se confundem: James Ivory, diretor de tantos filmes memoráveis, por  “Me Chame Pelo Seu Nome”. 

ROTEIRO ORIGINAL

"Doentes de amor", de Emily V. Gordon e Kumail Nanjiani
"Corra!", de Jordan Peele
"Lady Bird", de Greta Gerwig
"A forma da água", de Guilermo Del Toro
"Três anúncios para um crime", de Martin McDonagh

Gostaria que vencesse Guilhermo Del Toro, mas deve ganhar o Oscar, Jordan Peele por “Corra”.  

Neste quesito, num segundo plano, eu ainda preferiria o roteiro de “Trama Fantasma”.
  
ATRIZ COAJUVANTE

Mary J. Blige, por "Mudbound: lágrimas sobre o Mississipi"
Allison Janney, por "Eu, Tonya"
Laurie Metcalf, por "Lady Bird: é hora de voar"
Octavia Spencer, por "A forma da água"
Leslie Manville, por "Trama fantasma"

Gostaria de ver Octavia Spencer com mais um Oscar na carreira,    mas deve ganhar Allison Janney, favoritíssima. 

Allison poderia estar melhor em “Eu, Tônia” com sua rabugice, sua tirania, sua falta de escrúpulos para que a filha seja uma grande patinadora no gelo, se seu personagem fosse um pouco mais matizado, com alguma mudança em sua curva dramática, mesmo neste gênero de comédia de humor negro. Uma vez construída uma máscara, esta surge do início ao fim.  

ATOR COADJUVANTE

Willem Dafoe, por "Projeto Flórida"
Woody Harrelson, por "Três anúncios para um crime"
Richard Jenkins, por "A forma da água"
Christopher Plummer, por "Todo o dinheiro do mundo"
Sam Rockwell, por "Três anúncios para um crime"

Meu preferido, Sam Rockwell, é quem deve ganhar mesmo. 

DIREÇÃO DE ARTE
"A bela e a Fera"
"Blade Runner 2049"
"O destino de uma nação"
"Dunkirk"
"A forma da água"

Prefiro “A Forma da Água” com tudo servindo à perfeição a   narrativa mágica, mas deve ganhar a direção de arte de “Blade Runner 2049”

FOTOGRAFIA

"Blade Runner 2049", Roger Deakins
"O destino de uma nação", Bruno Delbonnel
"Dunkirk", Hoyte van Hoytema
"Mudbound", Rachel Morrison
"A forma da água", Dan Laustsen

Gosto muito do que se consegue em “A Forma da Água”, mas reconheço que em “Blade Runner 2049” temos algo ainda mais deslumbrante. Assim desejo e deve ganhar este filme de Denis Villeneuve.

FILME ESTRANGEIRO

"Uma mulher fantástica" (Chile)
"Corpo e alma" (Hungria)
"O insulto" (Líbano)
"Sem amor" (Rússia)
"The Square: a arte da discórdia" (Suécia)

“120 Batimentos Por Minuto” (2017) de Robin Campillo venceu recentemente o César de Melhor Filme.

 “Além do prêmio máximo, de melhor filme, a produção ainda saiu com os troféus de ator coadjuvante (Antoine Reinartz), ator revelação (Nahuel Pérez Biscayart), roteiro original, trilha original e edição.”-  de O Globo.

Mesmo com todas estas qualidades este filme, bastante envolvente e comovente de 2017, não esteve nem entre os nove indicados inicialmente. 

Este é o melhor filme de língua não inglesa de 2017 que assisti e é quem desejaria que ganhasse o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Dentre os indicados fico com “The Square: a arte da discórdia”. O mundo das artes de hoje, com suas futilidades e imposturas associados é o elemento que detona outras questões importantes. 

O protagonista vai percebendo cada vez mais o vazio em que vive e passa a considerar com maturidade algo antes impensado: a empatia com um jovem que vive em uma pobre periferia. Numa linguagem de Plínio Marcos  poderia ter o título: “Jornada de Um Imbecil Até o Entendimento”. 

Mas o que irá vencer será “O Insulto”. Será um prêmio mais político, ainda que eu admita que o filme tenha muitas qualidades.

Numa era de tantas intolerâncias, discordâncias pesadas, que podem ter fortes consequências nefastas, este filme que trata disto de forma mais frontal, metonímica, vem muito a calhar.  

LONGA DE ANIMAÇÃO

"O poderoso chefinho"
"The breadinner"
"Viva: a vida é uma festa"
"O touro Ferdinando"
"Com amor, Van Gogh"

Meu predileto e que deve vencer é “Viva: a vida é uma festa”, obra-prima de animação. Tem com todo mérito ganhado todos os prêmios. 

FIGURINO

"A bela a fera"
"O destino de uma nação"
"Trama fantasma"
"A forma da água"
"Victoria e Abdul"

“Trama Fantasma” tem suas qualidades nesta área saltando aos olhos. É meu predileto e quem deve vencer. 

EDIÇÃO DE SOM

"Bady driver"
"Blade Runner 2049"
"Dunkirk"
"A forma da água"
"Star Wars: Os últimos Jedi"

Torço para “Dunkirk” e é quem deve vencer. 

MIXAGEM DE SOM
"Bady driver"
"Blade Runner 2049"
"Dunkirk"
"A forma da água"
"Star Wars: Os últimos Jedi"

Também torço para “Dunkirk” e é quem deve vencer. 

CURTA DE ANIMAÇÃO

"Dear basketball"
"Garden party"
"Lou"
"Negative space"
"Revolting rhymes"

Não tenho conhecimentos para julgar. 

CURTA METRAGEM

"DeKalb elementary"
"The eleven o'clock"
"My nephew Emmet"
"The silent child"
"Watu Wote/All of us"

Não tenho conhecimentos para julgar. 

TRILHA SONORA

"Dunkirk"
"Trama fantasma"
"A forma da água"
"Star Wars: Os últimos Jedi"
"Três anúncios parta um crime"

A trilha sonora de “A Forma da Água” é deliciosa, aliciante e com suspense bem marcado quando necessário. É minha predileta e a que vai vencer. 
  
EFEITOS ESPECIAIS

"Blade Runner 2049"
"Guardiões da Galáxia 2"
"Kong: A ilha da caveira"
"Star Wars: os últimos Jedi"
"Planeta dos macacos: A guerra"

Reconheço os grandes méritos de "Planeta dos macacos: A guerra". Mas os mais brilhantes e belos são os de “Blade Runner 2049”, minha preferência e o que vai vencer. 

EDIÇÃO

"Baby driver"
"Dunkirk"
"Eu, Tonya"
"A forma da água"
"Três anúncios para um crime"

“Dunkirk” tem edição brilhante. Mas “A Forma da Água” não seria o que é se não tivesse os cortes mais adequados. Nenhuma sequência dura mais do que precisa, nem precisa mais um tempo para ganhar sentido.  

Assim prefiro “A Forma da Água”, mas deve ganhar “Dunkirk”.

MAQUIAGEM

"O destino de uma nação"
"Victoria e Abdul"
"Extraordinário"

O que encontramos em Gary Oldman em “O Destino de Uma Nação” é espantoso. Churchill reencarnado. O ator passava três horas por dia no processo de maquiagem. 

Assim meu predileto é “O Destino de Uma Nação” e é o que vencerá. 

CANÇÃO ORIGINAL

"Mighty river", de "Mudbound: Lágrimas sobre o Mississipi"
"Mystery of love", de "Me chame pelo seu nome"
"Remember me", de "Viva: a vida é uma festa"
"Stand up for something", de "Marshall"
"This is me", de "O rei do show"

“Mighkty river” é arrepiante. Minha predileta e a que vai ganhar. 

LONGA DOCUMENTÁRIO

"Abacus: small enoguh to jail"
"Visages, villages"
"Icarus"
"Last men in Aleppo"
"Strong island"

Só assisti o excelente, criativo e tocante “Visages, villages” e é por quem torço. Mas deve vencer “Last men in Aleppo”, com um tema atualíssimo que precisa ser ainda muito discutido, pois não há solução à vista para as guerras na Síria.  
  
CURTA DOCUMENTÁRIO

"Edith+Eddie"
"Heaven Is a Traffic Jam on the 405"
"Heroin(e)"
"Knife Skills"
"Traffic Stop"

Não tenho conhecimentos para julgar.  

2- Links Associados
  
2- a-http://www.adorocinema.com/filmes/filme-246009/- “A Forma da Água” – Sinopse – Trailer- Créditos – Crítica AdoroCinema- Críticas Nacionais e Internacionais

Sinopse

Década de 60. Em meio aos grandes conflitos políticos e transformações sociais dos Estados Unidos da Guerra Fria, a muda Elisa (Sally Hawkins), zeladora em um laboratório experimental secreto do governo, se afeiçoa a uma criatura fantástica mantida presa e maltratada no local. Para executar um arriscado e apaixonado resgate ela recorre ao melhor amigo Giles (Richard Jenkins) e à colega de turno Zelda (Octavia Spencer).

2- b-  http://www.adorocinema.com/filmes/filme-245010/- “Três Anúncios Para Um Crime”- Sinopse- Trailer- Créditos- Crítica AdoroCinema- Críticas Nacionais e Internacionais.

Sinopse  

Inconformada com a ineficácia da polícia em encontrar o culpado pelo brutal assassinato de sua filha, Mildred Hayes (Frances McDormand) decide chamar atenção para o caso não solucionado alugando três outdoors em uma estrada raramente usada. A inesperada atitude repercute em toda a cidade e suas consequências afetam várias pessoas, especialmente a própria Mildred e o Delegado Willoughby (Woody Harrelson), responsável pela investigação.

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